sábado, abril 29, 2006

No Vértice do Ser

Do parapeito da janela observo
o Homem que balança no Vértice,
na aresta frágil, fronteira cume,
horizonte longínquo, do ser
nas suas imagens mais obscuras, mais puras.

Soergue a voz do equilíbrio final
e mergulha no vazio do indefinido...

sábado, abril 22, 2006

spun

sem que nos apercebamos
o tempo corrói as últimas lembranças daqueles tempos
onde a doença ainda não tinha chegado nem o corpo
morria a cada segundo em que a droga nos penetrava
em pleno pecado

sabíamos que a vida estava um passo diante de nós
não precisávamos da luz que a janela constantemente
nos oferecia - chamamento divino de quem já não
sabia gritar por auxílio

éramos novos
estávamos a descobrir o vício do prazer


Rui Alberto, poema antigo agora rescrito.

quinta-feira, abril 13, 2006

Roseiral

Deixo-me ficar
pelo roseiral

entretanto negro
da palavra
que o deixou

e nisto, o calor
desperdiçado
num único suspiro
para sopros
dum vento gélido

denuncía um ser
infinitamente só.


Tiago Tejo