sábado, fevereiro 25, 2006

queda de outono

bebo demasiado da minha própria solidão
em cada canto que acordo
evaporado pelo sonho que outrora transpareceu
no espelho amachucado pelos insectos
que habitavam no meu rosto
ocasionalmente lúcido de amor

no silêncio de uma flor
sempre se escondeu a esperança nocturna
das aves que migravam de tempos a tempos
até a gélida percepção do outono
e da queda de todos os seus filhos
roubados pelo vento

a imagem do meu corpo reduz-se a cinzas
com o simples olhar das estações

Rui Alberto

1 Comments:

Anonymous Anónimo said...

Bela conjugação de instâncias, planos temporais - destaco particularmente a segunda estrofe - colorida por uma conseguida composição imagética. Mais um belo poema:) mais rapaz, queremos mais!
abraço

2:41 da tarde  

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