quinta-feira, agosto 31, 2006

Nammu

foi num abismo que criei este espaço estas nuvens
o mar fiz meu filho único alimentado o grito que
me resta junto das sombras os sucessivos dias
onde o papel transpõe o tempo imagina esse
mundo essa fertilidade onírica na qual residem
as luas de todas as noites que já vivemos é tarde
para regressar à terra que nos acolheu na iminência
do antigo silêncio dos astros celestiais

sei que o teu nome é a última emancipação de Deus


Rui Alberto, 2006

sábado, agosto 05, 2006

cristais

Entre a secretária castanha, a pena branca e o papiro amarelado, vive um semblante movido por emoções contrárias ao desejado. Momentos de ternura trocados pela angústia. Sentimentos quebrados pela dor. a lua, a eterna lua do ser que não resite ao grito e morre por dentro como se de um favor se tratasse.
"Não. Aí não"
Quem se atreve a escutar uma voz vinda da cave? Quem se atreve a querer resgatá-la? Os desafios colocados naquela folha transformaram-se em medos. desenharam-se traços inconstantes de uma vida morta por viver. um choro e ranger de dentes que assustam a madrugada e queima o silêncio que se sente. A ira tornou-se como os rios, os cortes como o raiar e amorte ~tão desejada como um beijo dado por aquele que mais se ama.
"Queres brincar?"
Brincar... brincar... com a inocência!
Ana Isabel